Publicado em 19 de novembro de 2013
Reuters
Ainda pressionado pelos preços de alimentos, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) acelerou a alta a 0,57 por cento em novembro sobre o mês anterior, mas o número veio abaixo do esperado pelo mercado.
Os dados divulgados nesta terça-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que a prévia da inflação oficial do país acumulou ainda alta de 5,78 por cento em 12 meses até novembro, pouco acima dos 5,75 por cento registrados no mês anterior.
A meta do governo é de 4,5 por cento pelo IPCA, com tolerância de 2 pontos percentuais. Em outubro o IPCA-15 havia avançado 0,48 por cento.
Ambos os resultados ficaram abaixo das expectativas em pesquisa da Reuters, cujas medianas das projeções apontavam alta mensal de 0,65 por cento e de 5,87 por cento no acumulado em 12 meses.
O principal responsável pela alta registrada em novembro foi o grupo Alimentação e Bebidas, com 0,84 por cento, acima do 0,70 por cento no mês anterior, o que representou impacto de 0,21 ponto percentual neste mês.
O item carnes subiu 2,34 por cento em novembro e registrou o maior impacto isolado, de 0,06 ponto percentual do índice, segundo o IBGE.
“De fato o grupo Alimentação vem dando o tom da inflação neste ano, acumulando em 12 meses alta de 8,93 por cento”, destacou a gestora de renda fixa da Mongeral Aegon Investimentos, Patrícia Pereira, que estima que o IPCA encerre o ano entre 5,80 e 5,90 por cento.
O grupo que registrou a maior alta em novembro foi o de Vestuário, com 0,96 por cento em novembro, ante 0,88 por cento no mês anterior, representando 0,07 ponto percentual do IPCA-15.
Com a alta de preços de pano de fundo, a expectativa é de que o Banco Central dê continuidade na próxima semana ao ciclo de aperto monetário iniciado em abril, que tirou a Selic da mínima histórica de 7,25 por cento para os atuais 9,5 por cento.
Pesquisa Focus do BC junto a economistas aponta que a taxa básica de juros será novamente elevada em 0,5 ponto percentual na quarta-feira da semana que vem, encerrando este ano a 10 por cento.
“A situação continua delicada, uma vez que as medidas revelam a persistência de pressões sobre os preços. Dito isso, mantemos a visão de que o BC deve promover mais dois aumentos na Selic, para 10 por cento no final do mês e outro de 0,25 ponto no início de 2014”, avaliou em nota o ex-diretor do BC Alexandre Schwartsman, hoje sócio-diretor da Schwartsman & Associados.
Apesar da alta menor do que a esperada, o IPCA-15 mostrou maior difusão de aumento de preços em novembro. Segundo o banco Fator, ele passou de 65,8 por cento em outubro para 70,7 por cento agora.
Inicialmente, o resultado do IPCA-15 abaixo do esperado ajudou o mercado de juros futuros a abrir em queda, mas a valorização do dólar ante o real fez reacender a preocupação com o repasse para os preços, elevando a maioria das taxas.