Publicado em 15 de abril de 2014
Enio Verri
No primeiro ano de mandato, Beto Richa não fez outra coisa a não ser atribuir a culpa pela inércia administrativa dos primeiros meses ao antecessor. O discurso repetido exaustivamente pela claque tucana era da “herança maldita”: o governo Requião havia deixado o Paraná quebrado e organizar as contas levaria certo tempo. Quem se lembra?
Meses mais tarde, depois de um sem número de decisões catastróficas em termos de gestão pública e responsabilidade fiscal, o governo tucano precisava de um novo bode expiatório para dissimular seu fracasso. O escolhido foi o “terrível” governo federal, na pessoa do secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, por supostamente travar os empréstimos ao estado, prejudicando deliberadamente a gestão Richa.
O trato do governo Richa no processo de liberação dos empréstimos foi uma aula magna de incompetência, falta de diálogo, desorganização e manipulação política da operação. Finalmente, seguindo as sugestões do próprio Augustin, na semana passada, o governo encontrou o caminho da liberação dos empréstimos, sendo o primeiro no valor de R$ 817 milhões do Programa Proinveste.
As desculpas acabaram. A liberação dos recursos sempre foi colocada como fator determinante para que o Paraná possa reorganizar as finanças, marcadas por atrasos com fornecedores e risco de não conseguir pagar a folha de pagamento.
A pergunta que todos os paranaenses fazem neste momento é: o governo vai finalmente pagar as dívidas com os fornecedores, que ultrapassam R$ 1 bilhão? A população pode esperar que as viaturas não vão mais ficar sem combustível nas ruas e que não vai mais faltar medicamentos nos hospitais e postos de saúde?
As mesmas dúvidas estão nas pequenas prefeituras. O dinheiro do PAM (Plano de Apoio dos Municípios) – cerca de R$ 150 milhões –, programa do governo estadual que destina recursos a fundo perdido para cidades com menos de 50 mil habitantes vai finalmente chegar, depois de tantas promessas?
Da mesma forma, os servidores estaduais terão garantidos o pagamento de salários, benefícios e plano de carreira?
Os paranaenses querem saber. A oito meses do fim, vai finalmente começar o governo Beto Richa para além das eternas promessas não cumpridas, ou novas desculpas virão do Palácio Iguaçu?