Publicado em 1 de julho de 2014
Gazeta do Povo
Às vésperas de completar um ano, o programa Mais Médicos se consolida como um dos alicerces para a campanha de reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT). Equipes do Ministério da Saúde tem percorrido o país para mostrar os primeiros resultados do programa, que encerrou recentemente sua quinta e última chamada de profissionais. Ladeado de petistas do Paraná e em tom de campanha eleitoral, o ministro Arthur Chioro destacou em seminário ontem, em Curitiba, crescimento no número de atendimentos a doenças crônicas (como hipertensão e diabete) desde a chegada dos médicos extras. Segundo ele, 2,9 milhões de paranaenses são beneficiados pelo programa.
Chioro afirmou que está quase certo que o programa será prorrogado por mais três anos, mantendo os profissionais no país até 2019. Isso porque o governo não conseguirá formar novos médicos para substituir os do programa até o prazo indicado, que terminaria em 2016. Ele também disse que não há expectativa de novas convocações.
Para que não haja um “furo” de profissionais ao fim do programa, o governo federal promete ampliar o número de vagas em Medicina em 11,5 mil até 2017. O ministro relata que já foram abertas 3,3 mil vagas – a maioria, porém, (1,9 mil) em faculdades particulares. No Paraná, ainda de acordo com Chioro, foram criadas 304 vagas.
“É equivocado imaginar que o programa é só trazer médicos. Tem outros dois componentes tão importantes quanto. Um deles é a construção, reforma ou ampliação de 26 mil unidades de saúde. E outro é a abertura das novas vagas em medicina”, afirmou o ministro à reportagem.
Ao todo, foram enviados 866 médicos de várias nacionalidades ao Paraná, para regiões que apresentavam dificuldades de fixar profissionais.
Dados
Na região de Curitiba, o atendimento a pessoas com hipertensão teve o maior crescimento no período: de 11,9 mil em janeiro de 2013 para 26,1 mil no mesmo mês de 2014, representando aumento de 117,8%. Já consultas a diabéticos passaram de 36,6 mil para 61 mil (66,8%) no mesmo período. O número de encaminhamentos para hospitais foi reduzido de 559 para 237 – o que significa, segundo o ministro, que os casos estão sendo mais resolvidos na unidade de atenção básica, sem precisar recorrer a outros serviços de saúde.
Em todo o Paraná, a quantidade de atendimentos de demanda imediata (casos urgentes), passou de 77 mil para 87,9 mil, totalizando aumento de 14,1%. As consultas de pré-natal aumentaram 56,3% (de 19 mil para 29,7 mil), e atendimentos em saúde mental registraram crescimento de 42,9% (19,1 mil para 27,3 mil).
Crítica
Mesmo com os dados inflados, a Associação Médica do Paraná (AMP) ainda vê com desconfiança os resultados do programa. “Volume não é indicativo de qualidade”, critica Luiz Ernesto Pujol, diretor do departamento de defesa profissional da AMP.
Profissionais são mais produtivos, diz prefeitura
Os integrantes do Mais Médicos em Curitiba aparentam ser mais produtivos do que os médicos já atuantes. Essa é a avaliação da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) da capital. Os 20 profissionais que chegaram pelo programa até abril deste ano (antes da vinda de outros 22) foram responsáveis por 52 mil das 1,5 milhão de consultas das unidades básicas da capital realizadas entre setembro de 2013 e junho de 2014. Há cerca de 600 médicos na rede.
“Um médico faz, em média, 16 consultas por dia. Já alguns do programa fazem 30”, compara Cristina Ferraz, coordenadora de Apoio, Logística, Estrutura e RH da Atenção Primária da SMS. A carga horária dos integrantes do programa também é menor que a dos outros. Eles cumprem 32 horas semanais nas unidades de saúde e completam as outras oito horas com cursos de formação obrigatórios, enquanto a maioria dos médicos faz 40 horas de atendimento.
Mesmo atendendo mais, os coordenadores do programa Mais Médicos são enfáticos ao dizer que eles dão conta do recado. “Os médicos têm tido uma boa avaliação de qualidade clínica e ótima resposta dos pacientes”, afirma Paulo Poli, coordenador de coordenador de Atenção Primária da SMS.