Publicado em 4 de maio de 2015
Com informações do Jornal de Londrina
Depois de ter se recusado a ir ao Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) para depor, na última quinta-feira, dessa vez não haverá escapatória para o ex-inspetor geral da Receita Estadual, Márcio de Albuquerque Lima.
Ele é considerado pelo Ministério Público o cabeça do esquema de corrupção formado por auditores fiscais, contadores e empresários para promover a sonegação fiscal em troca de propina. A fraude pode ter causado prejuízos de mais de R$ 500 milhões aos cofres do Estado. Lima também é parceiro do governador Beto Richa (PSDB) em corridas de automobilismo. os dois correram juntos as 500 Milhas de Londrina em 2014.
Uma decisão judicial obriga o auditor fiscal a comparecer ao depoimento marcado para as 10 horas de hoje. Lima, que ficou quase 50 dias foragido, protagonizou uma cena inusitada: sob a custódia do Estado, ele se recusou a ir ao depoimento. De acordo com Émerson Chagas, diretor da Penitenciária Estadual de Londrina II (PEL II), a unidade em que Lima está preso, sem mandado de condução coercitiva não é possível algemar o preso e levá-lo à força.
Lima ascendeu ao cargo mais alto da fiscalização no Estado na gestão do tucano, em julho do ano passado. O Gaeco considera que a organização criminosa se tornou mais ousada quando Lima assumiu o cargo.
O auditor teve a prisão preventiva decretada quando foi deflagrada a Operação Publicano, em 20 de março. Ficou foragido até a quarta-feira da semana passada, quando se entregou no 6º Distrito Policial, sem ter passado pelo Gaeco. Foi chamado para depor no dia seguinte.
Mandado
Émerson Chagas afirmou que embora raros, acontecem casos de presos que se recusam a ir a audiências ou atos de processos. Nesses casos é preciso que a Justiça conceda um mandado de condução coercitiva. Agora o Gaeco conseguiu que a Justiça expedisse um mandado, obrigando Lima a comparecer. Se ele se recusar novamente a ir ao Gaeco, será algemado e levado à força.
O advogado Douglas Maranhão, que defende Lima, não entrou na polêmica, porque segundo ele trata-se de um procedimento interno da penitenciária.
O Ministério Público denunciou 62 pessoas sob suspeita de envolvimento com as irregularidades na Receita Estadual, entre os quais 15 são auditores fiscais. Onze auditores estão presos preventivamente e dois estão foragidos: Miguel Arcanjo Dias e Ana Paula Lima, mulher de Márcio Lima. Eles são acusados de corrupção ativa e passiva, falsidade ideológica, falso testemunho e associação criminosa. Apesar de já estar em andamento uma ação criminal, as investigações continuam, com pelo menos mais um inquérito policial.