Publicado em 21 de janeiro de 2016
Arthur Ordones do InfoMoney
Nada tem mexido mais com a Bovespa nos últimos meses do que as eleições presidenciais de outubro. Se já está claro para todo mundo que o favoritismo de Dilma não é tão grande quanto se imaginava até o ano passado, sobram dúvidas sobre as alianças partidárias e até mesmo sobre os nomes dos candidatos e vices. O “Volta, Lula”, por ora, é a mudança que mais poderia ter impacto no cenário eleitoral e no preço das ações das empresas brasileiras. Mas outra surpresa que pode pintar por aí e embaralhar ainda mais a disputa é a candidatura de Jair Bolsonaro (PP-RJ), o político brasileiro mais identificado com os eleitores de direita. Bolsonaro está em seu sexto mandato como deputado federal (PP-RJ), mas está disposto a abrir mão de uma nova reeleição para se candidatar à Presidência. “Se eu me candidatasse a deputado, ganharia fácil pela sétima vez, com numero recorde de votos. Mas de que adianta ser deputado e ficar assistindo o país afundar? Tenho que fazer alguma coisa”, afirmou ele em entrevista ao InfoMoney.
Capitão do exército, Bolsonaro diz que falta coragem a Ciro Nogueira, presidente nacional do PP e senador pelo Piauí, para lançá-lo candidato, visto que ele pretende declarar apoio à Dilma Rousseff, do PT, mesmo à revelia de parte dos diretórios estaduais do partido. Membros da agremiação estão colhendo assinaturas para que a escolha do palanque só ocorra após a Convenção Nacional.
O deputado também entrou com pedidos nos institutos de pesquisa (Datafolha, Vox Populi e Ibope) para que seu nome comece a aparecer entre as opções nos levantamentos de intenções de voto da população. “O presidente [Ciro Nogueira] está me sabotando porque, se eu começar a pontuar, o partido terá dificuldades em manter os benefícios do governo” afirmou. “Mas se meu nome entrar, depois de pontuar x% na primeira rodada de pesquisa, na segunda eu vou triplicar esse número”, diz.
Por outro lado, Bolsonaro, ciente das dificuldades de viabilizar a candidatura pelo partido, manifesta uma vontade até então não-declarada: “se eu não conseguir me candidatar, quero ser vice de Aécio Neves [PSDB]. Claro, nada disso nunca entrou em pauta e nunca ninguém falou sobre isso, mas seria uma grande honra para mim”, declarou.