Publicado em 16 de fevereiro de 2016
Enio Verri
A retomada dos trabalhos legislativos no Congresso e na Assembleia Legislativa do Paraná, que aconteceu nos primeiros dias de fevereiro, suscita o debate sobre as expectativas que o ano de 2016 reserva para o País e o nosso Estado.
Em Brasília o clima é de arrefecimento da tese do impeachment da presidenta Dilma Rousseff. Mesmo os líderes mais ferrenhos da oposição passaram a reconhecer que não existe base jurídica para o impedimento.
Senadores e deputados do PSDB, DEM e demais partidos de oposição admitem que a destituição da Presidenta da República não pode decorrer de um gesto de vingança do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB), contra o Planalto, a ponto de colocarmos em risco nossa estabilidade democrática.
Enquanto isso, em Curitiba, o governador Beto Richa (PSDB) inicia o segundo ano do seu segundo mandato mais acuado do que nunca. São muito graves as denúncias deflagradas nas operações Publicano e Quadro Negro, que escancararam esquemas de desvios de recursos públicos para financiar a campanha eleitoral de 2014 do tucano.
2016 precisa ser o ano da verdade sobre o envolvimento do governador no esquema de corrupção que funcionava dentro da Receita Estadual e movimentou mais de R$ 750 milhões. Segundo o Ministério Público, auditores corruptos deixavam de autuar grandes empresas propositalmente para cobrar propina de empresários para anular débitos e reduzir impostos.
A Justiça deve investigar milimetricamente a relação entre Richa e Márcio Lima, considerado o chefe da quadrilha na Receita Estadual. Lima é companheiro de corridas de automóvel do governador e foi nomeado pelo próprio Richa como inspetor geral de fiscalização da Receita Estadual.
O Superior Tribunal de Justiça deve acatar com urgência o pedido da Procuradoria-Geral da República para que se investigue a participação do tucano no maior escândalo de corrupção da história do Paraná.
Da mesma forma, também não pode passar em branco o envolvimento de Richa e da alta cúpula política do Estado no esquema que desviou mais de R$ 20 milhões em recursos da Secretaria de Educação, que deveriam ser utilizados para reforma e construção de novas escolas, mas que foram parar na campanha eleitoral de Richa.
As graves denúncias de corrupção que envolvem o governador são pano de fundo para a redução drástica nos investimentos em saúde, educação, segurança e infraestrutura e o aumento de impostos e tarifas de serviços básicos – desde que assumiu o governo Richa aumentou em 66% o preço da tarifa de água da Sanepar, por exemplo.
A expectativa do cidadão paranaense para 2016 é que a Justiça investigue com competência e isenção e estabeleça a verdade sobre o envolvimento do governador Beto Richa nos escândalos de corrupção que minam os cofres públicos do Paraná.