Publicado em 20 de fevereiro de 2016
Brasil 247
Qual foi tema mais debatido na última semana? Sem sombra de dúvida, o affair extraconjugal entre o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e a jornalista Mirian Dutra, ex-apresentadora da Globo.
Não pelo romance em si, tema da vida privada da dupla, mas pelas repercussões políticas do caso. Mirian acusou FHC de usar uma empresa privada, a Brasif, que foi concessionária do governo federal, para lhe pagar uma mesada de US$ 3 mil. Também disso que Globo e Abril atuaram para que a história permanecesse em segredo, sem comprometer os planos políticos de FHC, eleito presidente da República em 1994 e reeleito em 1998.
Era de se esperar, portanto, que o tema repercutisse nas revistas semanais, que, em tese, retratam com olhar analítico os fatos mais importantes da semana.
Veja, no entanto, não dedicou uma única linha ao assunto. A capa da revista da Editora Abril, mais uma vez, é voltada para o suposto “triplex de Lula”.
O imóvel no Guarujá (SP), como se sabe, não pertence ao ex-presidente Lula. Poderia ter sido comprado, mas não foi. Lula e a ex-primeira-dama Marisa Letícia tinham uma cota do imóvel, adquirido junto à Bancoop, e decidiram devolvê-lo quando o tema foi criminalizado pela imprensa.
A capa de Veja publica trechos de um diálogo entre dois executivos da OAS em que se referem a Lula e Marisa como “chefe” e “madame”. Naquele momento, de fato, os dois poderiam ter comprado o imóvel que a OAS decorava. Mas o fato concreto é que não compraram.
Com a mesma insistência com que persegue Lula, Veja protege FHC. Mirian Dutra afirmou que, na década de 90, foi forçada pelo ex-presidente a conceder uma entrevista falsa à revista, negociada com o ex-diretor Mario Sergio Conti, apontando que ele não era o pai. A blindagem continua nos dias atuais.