Publicado em 17 de novembro de 2016
Valor Econômico
A economia brasileira completou mais um trimestre com retração, o sétimo consecutivo pela métrica do Banco Central (BC), na série com ajuste sazonal. É a pior sequência da série estatística iniciada em 2003. Os números reforçam a expectativa, já admitida dentro do próprio governo, de que a retomada da atividade será mais lenta que o previsto.
O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) caiu 0,78% no trimestre encerrado em setembro, em comparação com os três meses antecedentes, e teve retração de 3,84% ante o terceiro trimestre de 2015. Na leitura mensal, o indicador, que é visto como um indicativo do desempenho do Produto Interno Bruto (PIB), registrou leve alta de 0,15% em setembro, após retração de 1,01% em agosto (dado revisado de queda de 0,91%). Em comparação com setembro de 2015, houve baixa de 3,67% na série sem ajuste e de 3,44% com ajuste.
No ano, o IBC-Br aponta queda de 4,83% nos dados sem ajuste e decréscimo de 5,19% na série com ajuste. Nos 12 meses encerrados em setembro, a retração ficou em 5,23% na série sem ajuste (baixa de 5,42% no dado ajustado). Devido às revisões constantes do indicador, o IBC-Br medido em 12 meses é mais estável do que a medição mensal, assim como o próprio PIB.
Os resultados vieram em linha com o esperado pelos agentes de mercado. A média das projeções feitas por 22 instituições financeiras ouvidas pelo Valor Data sugeria alta de 0,16% no mês. As estimativas variavam entre queda de 0,6% e alta de 0,5% para a variação mensal. Para o trimestre, a estimativa média de 14 analistas era de queda de 0,7% sobre o segundo trimestre, variando de 0,6% a 0,9% negativos.
Na semana passada, em evento promovido pelo Valor e pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, falou que a economia voltaria a se expandir em 2017, mas em ritmo mais lento. “Devemos começar a crescer em 2017, mas pouco, 1%, algo por aí”, disse. Ontem, Meirelles afirmou que a projeção de crescimento de 1,6% para 2017 será revisada para baixo e que o número será apresentado na semana que vem.
As projeções coletadas pelo Banco Central (BC) no Focus sugerem retração de 3,37% em 2016 e crescimento de 1,13% em 2017. No Relatório Trimestral de Inflação (RTI) de setembro, o BC apontou queda de 3,3% para este ano e avanço de 1,3% em 2017.
Na média móvel trimestral, indicador mais utilizado para se tentar capturar tendência, o IBC-Br aponta baixa de 0,4% em setembro, vindo de alta de 0,99% em agosto e alta de 0,04% em julho. Na série com ajuste, a média móvel aponta baixa de 0,35% em setembro, após baixa de 0,31% em agosto e queda de 0,13% em julho.
Embora seja anunciado como “PIB do BC”, o IBC-Br tem metodologia de cálculo distinta das contas nacionais calculadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O indicador do BC leva em conta a trajetória das variáveis consideradas como bons indicadores para o desempenho dos setores da economia (agropecuária, indústria e serviços). A estimativa do IBC-Br incorpora a produção estimada para os três setores acrescida dos impostos sobre produtos. O PIB calculado pelo IBGE, por sua vez, é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país durante certo período.