Publicado em 13 de junho de 2017
Enio Verri
Beto Richa se arrasta para um melancólico fim de governo e, oxalá, para o ocaso de uma carreira política que não devia nem ter começado, tamanho o descompromisso que tem com o estado e com a população do Paraná. Em sete anos, Richa conquistou a ojeriza da população, principalmente a dos servidores públicos, contra os quais lançou todo tipo de medidas prejudiciais.
O mais recente vexame do governador é apenas uma das afrontas protagonizadas por Richa, contra os paranaenses. Ele foi a condenado pela 3ª Vara da Fazenda Pública a devolver valores utilizados indevidamente, em Paris. Richa e a comitiva na qual se encontrava a primeira-dama, Fernanda Richa, em meio a uma missão oficial à China, Rússia e França, dispenderam recursos públicos durante os dias 10 e 11 de outubro de 2015, com diárias fora da agenda oficial. Coisa de governo pequeno e provinciano.
Ao longo de sete anos, por falta de outra condição, Richa exibiu apenas a sua pequena e rastaquera estatura política. Ainda em 2011, o pequeno egoísta escondeu um pronunciamento da presidenta Dilma Rousseff, na TVE-Paraná, quando ela esteve em Curitiba para anunciar a liberação de R$ 1,7 bilhão do PAC para a construção do metrô da capital paranaense.
Já em 2012, o modus operandi de Richa exala o ranço da subterrânea política do compadrio. O Ministério Público Estadual apurou denúncia de venda de cargos comissionados, no Porto de Paranaguá, com requintes de nepotismo cruzado entre liderança na Assembleia Legislativa do Paraná (ALEP) e a administração do Porto. Uma espécie de política que destoa da fachada modernista, mas não da práxis tucana.
Ainda em 2012, a indigente política praticada pelo clã Richa foi denunciada pelo insuspeito jornal “Gazeta do Povo”, quando a primeira dama se valeu da necessidade provocada pela condição de pobreza de aproximadamente 1,5 mil famílias. Elas receberam cobertores do Programa Doe Calor somente depois de ouvir, por quase duas horas, discursos eleitorais de apoio à candidatura de Beto Richa.
Os assessores nomeados por Richa não deixam dúvidas quanto a que veio seu governo. Em 2013, para secretário especial do Cerimonial e Relações Internacionais, indicou um condenado por improbidade administrativa e que, à época, respondia também, a peculato por desvio de dinheiro público. Também nomeou, para o Conselho da Polícia Civil, um delegado afastado por recebimento de propina na Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos de Curitiba da Polícia Civil.
A receita corrente líquida do Paraná passou de R$ 17 bilhões para R$ 25 bilhões, entre 2010 a 2013. Em 2014, foi revelada a incompreensível dívida de R$ 1,1 bilhão da então 4ª economia do Brasil, o estado do Paraná. Em sentido contrário, no mesmo período, a dívida líquida consolidada cresceu apenas 0,57%, devido, principalmente, à restrição de acesso do estado ao Programa ao Investimento dos Estados e DF (Proinveste), pelo descumprimento do governo à Lei de Responsabilidade Fiscal.
Em 2015, a Operação Publicano, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), desbaratou um esquema de corrupção na Receita Estadual que desviou R$ 1,79 bilhão dos contribuintes. Em 29 de abril, para se apropriar de R$ 8,5 bilhões da ParanáPrevidência, Richa ordenou o massacre de milhares de paranaenses, no Centro Cívico de Curitiba, sob o comando do ex-secretário de Segurança do Paraná, o deputado federal Fernando Francischini (SD), quando mais de 200 pessoas, na maior parte professores, ficaram gravemente feridas.
Beto Richa coroou sua administração ao negar a possibilidade de um futuro promissor aos estudantes do Paraná. Por meio da Operação Quadro negro, ficamos sabendo que o governo do estado deu dinheiro do contribuinte para empresas não construírem escolas. Mais recentemente, Richa condena ao fechamento as universidades estaduais, retendo os recursos que elas mesmas produzem.
Enfim, o que é uma dezena de milhares de reais gastos em uma noite de diárias, num luxuoso hotel, em Paris, perto do bilionário prejuízo causado por Richa, tanto ao estado quanto à população? Não há do que espantar com um governo que traz a marca indelével do modus operandi predatório tucano, para quem os privilégios particulares estão acima dos interesses comuns. Em 2018, quem aceitará Richa como cabo eleitoral?