Publicado em 21 de fevereiro de 2018
O ano letivo é novo, mas os problemas se acumulam desde a primeira posse de Beto Richa, como governador, em 2010. Poderia ter sido, desde o início, uma semana pedagógica entusiasmada, propositiva em projetos, com novas tecnologias pedagógicas e didáticas libertárias, mas não. O sentimento entre os profissionais da educação do estado é de apreensão e desencanto com os rumos da área. Um pesadelo de mais um ano sob o desprezo de Richa pelo povo paranaense.
Richa destrói os ensinos Médio e Superior, privando o estado de se desenvolver humana, científica e tecnologicamente. Com o ajuste fiscal, ainda quebra os municípios. Foi também, por esse motivo, que os profissionais da educação do Paraná, por meio da APP-Sindicato, realizaram uma pedagógica paralisação, no dia de ontem. Eles deram uma aula pública para a sociedade e para o governador, com conteúdos aparentemente distintos, mas conexos: a destruição da educação paranaense e a reforma da Previdência.
O governador, como se não soubesse, teve de tomar conhecimento que escolas com equipamentos ultrapassados e sucateados não contribuem para o desenvolvimento dos educandos. Os profissionais da educação Paraná foram às ruas para lembrar Richa de que, reduzir em 15,71% o salário dos professores temporários não é um bom estímulo para quem tem nas mãos uma missão tão delicada.
Ele foi advertido de que, diminuir a jornada da hora atividade é uma maneira de ter professores cada vez mais exaustos e improdutivos, que não conseguirão extrair o melhor dos seus educandos, já tão sobrecarregados de mais obstáculos que acesso. É uma ótima política para desencaminhar os estudantes dos rumos da escola e colocá-los onde as ruas oferecerem. Os profissionais, em todos os cantos do estado, informaram à sociedade que Richa não cumpre o piso salarial nacional, fecha turmas e incha as salas de aulas, tonando-as verdadeiros depósitos de estudantes sem muita perspectiva.
Os deputados do estado não tiveram como cabular a classe cidadã do Dia Nacional de Paralisação. Eles tiveram aulas na Casa, quando foram instados pela sociedade a cumprirem o papel para o qual foram investidos de poder, que é o de fiscalizar o Executivo, que há dois anos não reajusta a data-base. Um gesto nobre demais para compreensão e dignidade de parlamentares que se aproveitaram de um covarde e violento massacre a esses mesmos professores, para garfar-lhes R$ 8,5 bilhões, no infame e inesquecível 29 de abril, de 2015, dia de Richa e Francischini.
Porém, a maior covardia perpetrada pelo governo Richa, contra os estudantes do Paraná, foi desaparecer com R$ 20 milhões, até o momento, que deixaram de ser usados na construção e reforma de escolas. Um governo que serve ao mercado não pode mesmo agir contra ele. Ao mesmo tempo que ele ceifa a possibilidade de o secundarista chegar à universidade, ele asfixia a Educação Superior com o sistema RH Meta4. A medida paralisa o funcionamento das seis universidades estaduais. O governador age deliberadamente para destruir a educação do estado.
As universidades ainda são referência nacional em produção científica e tecnológica. Como um despachante do mercado financeiro, Richa submete suas autonomias financeiras e suas múltiplas demandas a avaliação de uma secretaria fiscal. Projetos, contratação de professores, aquisição de equipamentos e até mesmo material de limpeza serão controlados pelo fisco do estado. O governador transformará o patrimônio intelectual do Paraná em consórcios particulares de diploma. Oxalá a magnânima aula de ontem se fixe na memória dos paranaenses, até outubro, para dar uma dura resposta a quem desmantela e vende a educação, bem como todo o estado.