Publicado em 14 de março de 2019
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, na tarde da quarta-feira (13), recebeu uma comitiva de trabalhadores da fábrica da Ford, de São Bernardo Campo (SP), que está em processo de fechamento e pode aprofundar ainda mais a abissal crise do desemprego, colocando, num universo 28 milhões de lares cujos braços estão subutilizados, três mil trabalhadores diretos e mais de 4,5 mil indiretos, na rua. O presidente Bolsonaro vai se encontrar com seu colega, Trump, nos EUA, na terça-feira (19). A comitiva, acompanhada de parlamentares do Partido dos Trabalhadores (PT), veio pedir ao presidente da Câmara que interceda junto a Bolsonaro para que o presidente trate do assunto com o seu colega americano.
O momento vai exigir altivez de Bolsonaro para defender os interesses do País. Afinal, segundo a comitiva, a Ford recebeu, nos últimos cinco anos, R$ 7,5 bilhões em incentivos fiscais, R$ 5 bilhões em créditos subsidiados do BNDES, entre outros benefícios. Os trabalhadores já conversaram com a Ford, nos EUA, e a resposta que receberam foi a pior possível. Não há interesse da matriz em manter planta do Brasil. Para colaborar nas negociações, a comitiva ofereceu ao presidente a presença de um dos trabalhadores. Em resposta, Rodrigo Maia se solidarizou com o comitê e se manifestou contrário ao fechamento da fábrica. Ele se comprometeu levar o primeiro pleito, ao presidente, porém, não garantiu levar o segundo.
Para o deputado Enio Verri (PT/PR), é natural que uma empresa que recebeu tantos incentivos e subsídios exerça o seu papel social e contribua para a sociedade na qual lucra há 100 anos. Da mesma forma, segundo ele, que um presidente lute para manter os investimentos no seu próprio país. Ainda de acordo com o deputado, a comitiva apresentou dados que indicam a viabilidade da permanência da fábrica, no Brasil.
“Nós sabemos que se trata de uma recomposição produtiva, com se denomina, nesse momento da economia mundial. Tudo dentro da lógica do capital, mas não da lógica do desenvolvimento do Brasil. É uma questão de sentar para negociar e saber se se trata dos interesses do Brasil, ou apenas dos da fábrica”, diz Verri.