Mudança da reforma tributária no Imposto de Renda prejudica contribuinte

Publicado em 9 de julho de 2021

Enio Verri explica que nova proposta da reforma tributária é injusta e fará contribuinte pagar mais no seu imposto de renda

Enio Verri explica que reforma tributária gera mais imposto de renda

Uma das mudanças propostas pela nova reforma tributária enviada ao Congresso Nacional por Paulo Guedes, altera a regra do Imposto de Renda e fará parte dos contribuintes pagar mais imposto. É o fim do desconto de 20% para milhões de brasileiros que fazem a declaração simplificada. O desconto passará a valer apenas para quem ganha até R$ 3.333 por mês. O deputado federal Enio Verri comenta que o projeto continua tão injusto quanto a tabela de IR atual.

“Bolsonaro e Paulo Guedes mandaram para a Câmara uma nova proposta de reforma tributária tão injusta quanto a tributação que nós já temos. Com o fim da declaração simplificada e outras mudanças, essa reforma tributa mais quem ganha menos, aumenta o tributo das empresas que geram empregos e diminui os impostos de especuladores que aplicam no mercado financeiro”, aponta Enio Verri.

O projeto reforma tributária prevê reajuste de 31% na faixa de isenção do imposto de renda, que sobe para cerca de R$ 2.400. No entanto, caso seja aprovada, um contribuinte com salário bruto de R$ 4.500, por exemplo, ficará sem restituição, de acordo com cálculos da Seteco Consultoria Contábil divulgados pelo portal UOL de notícias. Ou seja, esse contribuinte vai pagar R$ 1.057 a mais de IR do que paga hoje. Isso, sem considerar deduções com despesas de saúde, educação e previdência. Já um empregado com salário bruto de R$ 3.500 pagará R$ 267 a menos.

Já o empregado com salário bruto de R$ 5.500 teria um total de R$ 4.218 recolhidos na fonte. Sem deduções, ele também não terá nada para restituir, e vai pagar R$ 1.771 a mais em imposto.

Comprovar gastos dedutíveis como educação, saúde e previdência privada, será mais difícil. Afinal, esses trabalhadores geralmente usam serviços públicos e gastam quase a totalidade de sua renda com alimentação, moradia, transporte e lazer.

 No entendimento do deputado Enio Verri (PT-PR), essa reforma tributária é insuficiente para imprimir justiça ao sistema brasileiro de impostos. E lembra que os partidos de oposição defendem uma tributação mais efetiva sobre lucros e dividendos, sobre o patrimônio e também sobre grandes fortunas.

Para Enio Verri o governo busca apenas aumentar a arrecadação sobre os salários. Ele questiona também a diferença entre os 20% estabelecidos de imposto sobre o lucros e dividendos de pessoas físicas, contra 15% para aplicações financeiras. Para Enio Verri, com esta recomposição, o governo federal reduz a desvantagem tributária das camadas mais pobres, mas aumenta os benefícios para grandes investidores.

“É Paulo Guedes, sendo Paulo Guedes, tributa mais os pobres, quem gera emprego e não tributa nada os mais ricos.”

Mudanças da reforma tributária no IR

Com o fim da declaração simplificada para quem tem renda tributável acima de R$ 40 mil por ano (R$ 3.333 por mês), o trabalhador que recebe mais que isso teria que apresentar todo ano a declaração completa. Nela, precisa comprovar gastos com saúde, educação e previdência privada para conseguir alguma restituição.

No modelo simplificado há um desconto de 20% (limitado a R$ 16.154,34) sobre a soma de todos os rendimentos tributáveis. Atualmente, todas as pessoas físicas podem optar por esse modelo.

Segundo a Receita Federal , dos 30,5 milhões de contribuintes em 2020, 57,2% optaram pela declaração simplificada. Modelo usado principalmente por quem ganha menos e usam mais os serviços públicos. Assim, elas não têm despesas significativas para descontos na declaração completa do IR.

Na campanha eleitoral de 2018, então candidato Jair Bolsonaro havia prometido elevar o limite de isenção para cinco salários mínimos (R$ 5.500 hoje). Em 2020, 61,4% das pessoas com renda tributável de até R$ 4.665 por mês optaram pelo formulário simplificado.

Principais deduções no Imposto de Renda

Despesas médicas podem ser deduzidas integralmente;

Despesas com educação têm um limite anual de R$ 3.561,50 por pessoa;

Cada dependente também dá direito a abatimento no IR, no valor de R$ 2.275,08 por dependente. Não há limite para inclusão de dependentes na declaração, desde que comprovados;

Contribuição para plano de previdência privada até o limite de 12% da renda;

Livro-caixa de profissional autônomo pode ser incluído como dedução integral.

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