Publicado em 1 de outubro de 2021
Com o avanço da vacinação no Paraná, as faculdades abrem as suas portas para o retorno às aulas presenciais, mas diante o cenário econômico brasileiro, quem pode voltar para a faculdade?
A pandemia da Covid-19 aprofundou as desigualdades econômicas e sociais atingindo também a população jovem e adulta matriculada no ensino superior.
Com o aumento do desemprego de seus pais e a falta de novas oportunidades para entrada no mercado de trabalho, além das dificuldades de pagar mensalidades, muitos não têm condições de arcar com o transporte público de casa para a sala de aula.
Para milhares de brasileiros, programas de bolsa de estudos são a única opção para continuarem seus estudos.
Fies e Prouni
Quedas no Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (Fies) e no Programa Universidade para Todos (Prouni) também restringem o acesso ao ensino superior, principalmente aos estudantes mais pobres.
Segundo o Censo de Educação Superior de 2019, dentre os estudantes das unidades de ensino superior privadas, 90% são das camadas C, D e E. E registra, desde 2015, a saída dos mais pobres das salas de aulas com a piora na economia.
A redução do Fies e Prouni contribuem para esse quadro. O Fies deve fechar 2021 com o menor número de novos contratos desde 2009. Já o Prouni tem 30% menos vagas do que em 2020 e chegou ao menor patamar desde 2013, conforme dados da Frente Parlamentar Mista de Educação.
É preciso incentivo para ingressar em uma faculdade
Como um país que quer crescer não investe em educação e não incentiva seu jovem a ter seu diploma de nível superior?
Segundo a OCDE, um brasileiro com educação superior ganha, na média, o dobro do valor pago a quem tem apenas o ensino médio completo.
A educação precisa de um governo que tenha no seu planejamento as políticas de acesso ao ensino superior. E ações para que o estudante tenha sua vaga garantida e uma política de permanência séria na universidade.
Toda essa situação mostra a necessidade de nosso país ampliar o investimento para fortalecer as universidades públicas e também ampliar os programas de bolsas e incentivos para cursar a graduação. Tenho cobrado o Ministério da Educação e Governo do Paraná pela recomposição dos recursos no orçamento dessas instituições. Mas a resposta sempre vem como promessa, nunca como uma ação realizada. Nossos jovens querem estudar, querem um diploma, mas entrar e permanecer na universidade tem sido cada vez mais difícil.
Deputado Federal Enio Verri
Os investimentos precisam voltar na educação superior
De acordo com um relatório Education at a Glance 2021, feito pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), dentre os países do mundo, o Brasil está entre a minoria que decidiu não aumentar os recursos para a educação com a pandemia.
O estudo, divulgado em setembro, revela que entre 65% e 78% das nações fortaleceram o orçamento ao menos para a educação básica.
O Brasil não destinou mais recursos para nenhuma das etapas do ensino público.
Professor aposentado da Universidade Estadual de Maringá, uma universidade pública, o deputado federal Enio Verri aponta os riscos de redução do orçamento para o ensino superior público.
Os cortes de recursos está levando o país a sérios problemas na educação, o que piora as carências ainda existentes na oferta e desestimula os jovens das camadas mais pobres a tentarem acesso em uma faculdade no Brasil.
Enio Verri