Publicado em 18 de maio de 2022
Ministro contrário à privatização apontou suspeitas de fraude e subprecificação. Enio Verri alerta que venda da Eletrobras vai deixar contas de luz mais caras

O Tribunal de Contas da União (TCU) aprovou a privatização da Eletrobras. O resultado já estava formado no fim da tarde desta quarta-feira (18), com a maioria do plenário a favor da privatização da empresa. No final, por 7 contra 1 o processo de venda da estatal de energia foi aprovado. O único contrário, o ministro Vital do Rêgo apontou, com cálculos, que o processo de privatização era o mesmo que entregar a Eletrobras ao setor privado a “preço de banana”.
O deputado federal Enio Verri alertou que o resultado da entrega da estatal vai recair sobre o consumidor.
“A privatização da Eletrobras levará a um aumento da energia elétrica em todo país. A empresa representa 30% de todo o fornecimento da energia elétrica no Brasil e essa venda vai representar, segundo estudos do próprio governo, um aumento de cerca de 20% nas contas de energia para a população brasileira”, pontuou o parlamentar paranaense.
Com a aprovação, o governo pode lançar edital para vender ações da companhia. Mesmo com todas as falhas e erros denunciados nesse processo de privatização da Eletrobras, os sete ministros foram favoráveis ao modelo e ao valor para a venda de ações da companhia na Bolsa de Valores. A empresa chegou a ser avaliada em até R$ 400 bilhões e pode ser entregue por R$ 67 bilhões.
Suspeita de fraudes na venda da Eletrobras
O ministro Vital do Rêgo apresentou no plenário do TCU as ilegalidades na privatização da Eletrobras. Por exemplo, o risco de a Eletronuclear passar a ser controlada pela iniciativa privada. A subavaliação do valor da hidrelétrica de Itaipu na operação, de R$ 1,2 bilhão. Além das diferenças de cálculo encontradas entre as duas consultorias contratadas pelo governo para determinar o valor da ação da Eletrobras no processo de privatização.
Vital do Rêgo ainda propôs o adiamento da decisão até o fim de uma fiscalização, autorizada pelo TCU, sobre provisões da Eletrobras, mas os ministros decidiram continuar com o julgamento do dia de hoje.
“Teremos uma entrega nociva a nossa soberania nacional, um crime de lesa-pátria ao nosso patrimônio. O setor elétrico será mais um que vai para as mãos da iniciativa privada, e quem paga a conta é a família brasileira”, completou Enio Verri, após divulgação do resultado do julgamento no TCU.
E devem vir mais privatizações na agenda do governo, o novo ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, reforçou que a prioridade será a privatização das estatais brasileiras. “Vender a Eletrobras é uma prioridade para o nosso governo. Temos que insistir na agenda de privatizações e concessões”, afirmou.
A privatização resultará na transferência do controle da empresa para a iniciativa privada, e deve começar em junho.